MIRAFLORES

 

MIRAFLORES

POR MIGUEL HENRIQUES

Miguel Henriques é um fotografo Português, concluiu em 2013, o Curso Avançado de Fotografia da AR.CO de Lisboa. Nos últimos anos dedicou-se ao estudo e levantamento fotográfico dos bairros de Lisboa. Realizou diversas exposições individuais e colectivas e publicou, recentemente, o livro "Olivais", pela editora Pianola.

sinopse 

Nos últimos anos dediquei-me a fotografar bairros da periferia da Grande Lisboa resultantes de planos originais coesos (Olivais, Parque das Nações, Portela de Loures e Encarnação), mesmo quando sofreram alterações posteriores significativas (como é o caso de Miraflores). Mais do que um mero levantamento topográfico, procuro um aspecto genuíno em cada bairro. Miraflores principia com uma urbanização promovida por Juan Mechó, com base num projecto multidisciplinar de 1965 destinado a famílias de rendimento alto. A construção inicia-se em 1969, com um prazo de conclusão de 8 anos. De génese modernista, o plano segue o modelo das periferias de Madrid: auto-suficiente, com infra-estruturas desportivas e comerciais próprias. Cada prédio tem um parqueamento subterrâneo próprio, o que é pouco usual na época. O novo quadro político da revolução de 25 de Abril produz obstáculos: o bairro é considerado elitista e as obras são suspensas. Juan Mechó morre na segunda metade dos anos 80 e a família retoma o projecto, aproveitando uma época de crescimento económico. A estratégia consiste em vender os terrenos ainda disponíveis, inseridos num novo plano da Câmara de Oeiras que permite um volume de construção maior do que o inicial. O realojamento da população da Pedreira dos Húngaros - bairro clandestino anexo - alarga o terreno para a construção de fogos de habitação. Nesta série de fotografias, interessou-me principalmente o desenvolvimento do bairro numa encosta que proporciona amplas panorâmicas, contrastantes com os aglomerados de torres de volumetria impressionante, criando sensações opostas, de expansão e de clausura. Esta oposição prolonga-se na paisagem, bem para lá dos limites do bairro, como que dominando toda a periferia. Outro aspecto importante resulta das diferenças entre os vários aglomerados de edifícios, adivinhando - nas suas diferenças arquitectónicas - o lapso temporal entre as diversas épocas de construção.


editor´s note

The presented project was selected from a spontaneous submission made by Miguel Henriques. Our aim is to disseminate and bring to light telling work of emergent or young photographers.