NEW FRONTIER
POR Phillippe Braquenie
"Fronteiras? Nunca vi uma. Mas já ouvi que existem na cabeça de algumas pessoas.", por Thor Heyerdahl
Segurança como uma das necessidades principais do ser humano levou, ao longo da história, a que fossem desenvolvidas muitas formas de se manter seguro. Uma dessas formas para garantir a segurança foi a criação de territórios de forma a separar áreas atribuídas a diferentes grupos ou indivíduos. Os meios usados para definir essas fronteiras variam em função da necessidade de as tornar uma realidade vinculativa ou marcar uma separação clara e distinta.
Ao longo da história, os territórios evoluíram através da fragmentação para se tornarem o território de uma única pessoa; a propriedade privada. Este é o resultado da individualização das sociedades ocidentais que instigam para que estes espaços sejam cada vez menores mesmo quando as fronteiras das nações se abrem e novas separações surgem por todo o mundo, dividindo grupos.
Esta cada vez maior 'repartição' de espaço trouxe a necessidade de simbolizar separações e fronteiras físicas de forma a desvanecerem com o tempo. É o caso de uma cena de crime, por exemplo, onde o território é criado pela necessidade de preservar uma área temporariamente.
Esta série foi realizada em 2011 nos EUA mas também ecoa com ainda mais força no actual clima Europeu. Estamos a assistir pela primeira vez territórios abertos a fecharem-se de novo. A Europa continua a crescer e ainda promete novos membros, mas os países que a constituem estão cada vez mais a fechar-se em si próprios. Novos murus são constantemente erguidos, as fronteiras tornam-se reais de novo, tornaram-se representações físicas de pensamentos de protecção.
Esta série de fotografias pretende desafiar a noção de território e o significado que ainda carrega. Estes espaços, teoricamente invioláveis no seu colectivo inconsciente, foram criados e depois abandonados após a fotografia ter sido tirada. Na concepção dos artistas da American Land Art, estes espaços efémeros estão destinados a desvanecer com o tempo, como todo o conceito criado pelo Homem. Questionar a necessidade social de fragmentar o espaço ao opor o simbolismo de espaços efémeros e excepcionais criados com a extensão urbana dos EUA. Enquanto carrega um olhar entretido perante o absurdo dos limites territoriais, o espectador é levado a admirar os méritos da delimitação que por vezes são reclamados, outras forçados.
Sobre o autor
Phillippe Braquenier, nascido em 1985, é um artista belga que actualmente trabalha a fotografia conceptual e documental. Recebeu o seu BFA em fotografia na HELB em Bruxelas e exibiu no Foto Museum Antwerpen, The Brussels Royal Museum of Fine Arts and Aperture Foundation in New York among other institutions and galleries. His work has recently been published in Wired, Wallpaper Magazine, Wall Street International, Internazionale, Aint-Bad e Médor Magazine.