ESAP
Escola Superior Artística do Porto
A Escola Superior Artística do Porto (ESAP) tem como entidade instituidora a Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto (CESAP), entidade de utilidade pública, sem fins lucrativos, constituída em Maio de 1982 e legalizada por escritura pública no Diário da República nº 202, III série, de 1 de Setembro de 1982, tendo autorização de funcionamento concedida pelo Despacho 129/MEC/ 86, de 28 de Junho.
A sua localização no centro histórico do Porto – património da humanidade – corresponde a uma opção estratégica que tem contribuído para uma significativa interacção com a comunidade local e o meio urbano em que se insere. A ESAP é uma escola associada da UNESCO e tem vindo a estabelecer diversos protocolos nacionais e internacionais com universidades e outras instituições de carácter artístico e cultural.
Os diversos media que configuram a produção artística e arquitectónica contemporâneas sustentam o ensino aqui praticado. Através de uma prática interdisciplinar, entendida como espaço de confronto, no qual diferentes experiências e múltiplas perspectivas teórico-práticas se cruzam, o estudante constrói o seu campo referencial.
A ESAP é um espaço de incentivo à investigação e de encontro entre artistas, teóricos, investigadores, curadores ou outros profissionais, nacionais e internacionais, tanto interiores como exteriores à instituição. O lugar que ocupa no território das artes e da arquitectura, manifesta-se no crescente reconhecimento dos seus pares.
É nesta construção colectiva que continuamos a acreditar.
Eduarda Neves
A unidade curricular de Projeto, transversal aos 2º e 3º anos do Curso de Licenciatura em Artes Visuais-Fotografia, da ESAP, tem um carácter processual e interdisciplinar e sustentam-se em dois pilares fundamentais: a criação e a investigação entendidos como processos de construção e pesquisa. Considerando como ponto de partida a componente didáctica, pretende-se dotar gradualmente o estudante, a partir do segundo ano do Curso, de recursos perceptivos, críticos e conceptuais para o desenvolvimento da prática artística. Por outro lado, potencia-se, ainda, capacidades que permitam escolher, pesquisar, desenvolver e fundamentar com autonomia, um corpo de trabalho conforme às capacidades e intenções de cada um.
É neste contexto pedagógico que aqui se apresenta o projecto de Antónia Nascimento, Useless life, waste of time, o qual, tendo como premissa a fotografia documental, rapidamente se transformou num diálogo entre o documento e o encenado, o fotografado e o “refotografado”, o corpo e o objeto, a fotografia e o espaço urbano. Numa abordagem que privilegia o humor, este trabalho procura reflectir sobre os hábitos da sociedade de consumo hipermoderna e a sua relação com o desperdício e o inutilizado.
O projeto de André Coelho centra-se numa clara procura de momentos do quotidiano e a análise microscópica dos mesmos. A sua atenção foca-se no dia a dia e na lembrança sistemática de que qualquer motivo é digno de observação, como ocorre com as interacções entre os insectos alfaiates nas margens do rio Neiva ou com as conversas diárias de autocarro entre pessoas desconhecidas que comunicam entre si sem grande interesse, de forma súbita e, por vezes, desconexa. Todas estas situações estão registadas num vídeo em loop, cujas legendas transcrevem os textos destas conversas. De igual forma, o amanhecer é acompanhado pelo ambiente sonoro do quotidiano, animado por uma multidão de aves em diálogos barulhentos que se prolonga por cerca de uma hora, até o sol nascer.
O traballho de Nahir Capelo é constituído por velas de diferentes tamanhos, todas elas cravadas com pregos assentes em pratos metálicos. Os pregos, graças à passagem do tempo, vão caindo, enquanto a cera da vela é consumida pela chama. A transformação do objeto, proporcionada pela passagem do tempo, constrói um espaço de paragem e de contemplativa lentidão. O tempo que Náhir Capelo nos dá a ver, configura-se num encadeamento particular de acontecimentos determinado pela força intimista de uma verdadeira performance dos objetos.
Maria Covadonga Barreiro e Nuno Faleiro Rodrigues