Curso Superior de Fotografia
O Curso Superior de Fotografia fundou-se no contexto do Ensino Superior Politécnico, no seio de uma Escola de Tecnologia, onde já existiam Projetos Pedagógicos pouco comuns numa instituição com estas características, tais como, o Curso Superior em Conservação e Restauro ou Design e Tecnologia das Artes Gráficas. Nestes Cursos Superiores já se ensinava a Fotografia e é por isso que se pode afirmar que, no Instituto Politécnico de Tomar, IPT, já existe o ensino da Fotografia há cerca de 30 anos.
Desde logo, a antiga Escola de Tecnologia e Gestão de Tomar, mais tarde Instituto Politécnico de Tomar, IPT, foi dotada de Laboratório de Fotografia, com instalações preparadas e equipadas para a Fotografia Aplicada à Conservação e Restauro, Arqueologia e Trabalho de Museu, fosse na documentação fotográfica ou em exames de objetos de arte por processos fotográficos. Mas, esse Laboratório de Fotografia Aplicada, também se preparou para lecionar as Unidades Curriculares de Fotografia, primeiro, no Curso Superior de Tecnologia das Artes Gráficas e logo de seguida, nos Cursos de Artes, Arqueologia e de Conservação e Restauro.
O CSF do IPT, tem assim e por via das suas vizinhanças, uma forte presença das tecnologias e de áreas científicas como são a Física e a Química, que foram criadas no IPT, para apoio das engenharias, mas que também ensinam nos cursos de Fotografia, Conservação ou Artes Gráficas.
O IPT criou também, e ao mesmo tempo que o Curso de Fotografia, um Curso em Artes Plásticas – Pintura, entretanto, infelizmente, fora de atividade, mas que acompanhou o Curso de Fotografia de perto, inclusive em Projetos conjuntos, como foi a criação do Centro de Arte e Imagem – Galeria IPT (CAI), projeto que se vem afirmando com sucesso no panorama nacional da Cultura e das Artes, sendo uma das poucas referências do género na região de influência do IPT.
Curiosamente, o ensino da Fotografia enquanto Unidade Curricular, obrigatória ou de opção, chegou a verificar-se em cinco das licenciaturas oferecidas pelo IPT, no conjunto das suas Escolas: Fotografia, Design e Tecnologia das Artes Gráficas, Conservação e Restauro, Artes Plásticas – Pintura, Vídeo e Cinema Documental, e, nos primeiros anos da sua existência, o CSF chegou a receber colaborações de oito áreas científicas ou departamentos diferentes: Física, Química, Matemática, Inglês, História da Arte, Engenharia Eletrotécnica e Informática, provando, de uma maneira ou de outra, ser o Projeto Pedagógico mais transversal do IPT, demonstrando assim, a própria natureza transversal da Fotografia.
Este Curso suporta a sua atividade letiva num conjunto de espaços com caraterísticas Laboratoriais e onde são ministradas as aulas práticas. Esses espaços, que constituem o Laboratório de Fotografia, são geridos pelo Laboratório Central do IPT: Estúdio A e B, Laboratório de Revelação, Laboratórios de Ampliação, preto e branco e cor, Laboratório de Processos Fotográficos Históricos e Alternativos, Sala de Acabamentos, Laboratório Digital - Aquisição e Impressão de Imagem e Laboratório Digital de Pós-produção.
António Martiniano Ventura
Visão e Matéria
O curso de fotografia do IPT tem no seu currículo um conjunto de unidades curriculares reservadas à impressão fotográfica com processos que datam desde a primeira metade do século XIX. Processos de impressão com prata, ouro, platina/paládio, ferro e corantes naturais, são apostas que instauram uma reflexão em tom de manifesto contra a hegemonia digital e a imaterialidade da prática fotográfica contemporânea.
Os alunos deste curso exploram um vasto leque de possibilidades técnicas e artísticas oferecidas pela prática dos processos fotográficos históricos, ditos alternativos, produzindo objetos extraordinariamente singulares.
A cor, a textura, o formato, o suporte, o cheiro e até o som, são algumas das características que distinguem e afastam estes objetos fotográficos da reprodução mecânica convencional, reconvocando por isso, um desejo de “aura” do objeto artístico.
A mostra que se segue conta com obras impressas em diferentes processos e suportes, dos quais se destacam, o papel salgado, a albumina, o colódio húmido, a platina e o paládio, a goma dicromatada, a cianotipia e até a emulsão líquida, que de forma isolada ou imbricada com a tecnologia digital reinventam o médium fotográfico. A expansão e o domínio da imagem fotográfica (particularmente sensível às transformações na tecnologia, na arte e na sociedade em geral) têm uma relação direta com o modo como percecionamos a realidade, que por sua vez nos afasta da experiência originária. Como resultado, os trabalhos aqui apresentados têm uma ambição de experiência sinestésica, que pretende desacelerar o tempo (das imagens) e pôr a descoberto a essência da fotografia e da sua matéria.
Alexandre de Magalhães