Leça

 

Leça

by Julien Jarrige

Running on the concrete,
Running on the horizon

The noise of laughter before leaving,
The sound of the waves will return

The space becomes domestic for a moment
Running an throwing oneself into the ocean

Drawn by the shadow,
The geometry of light

Just a line

Horizontal is the horizon,
Horizontal is the concrete ground

Vertical is the man,
Like the edge of the concrete wall

The rocks rests on a concrete base
Horizontal is the composition,
Vertical is the tripartition

Between rock and concrete walls,
It is in the framing that the horizon becomes infinite

Altimetry games in the topography,
Feeling the endlessness space

The people left,
Will the space disappear if I leave too?

The screams and laughter have disappeared,
The sound of the waves has returned,
The shadow grows larger

Julien Farrige

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Photography is here a writing
the story that is being written,
comes from
a spatial and sensory experience

The narration want to express emotion
and create a visual poem.

In the grain poetry
comes to be placed on the horizon,
shadow and light
man and sky.

In the faults,
the raw charm

The look moving
The frame jostled

Photography is not an affirmation
but an evocation

The truth is fleeting,
Time is both long fast,
decisive and eternal

Taking pictures,
starting to live the present

The moment is simple,
day-to-day
but exceptionally
beautiful

The image disappears in the light,
finds its material in the shadows,
and the touch of paper
The picture seems to fade in the waves
grain and sand
Are making the photography
but seem to leave soon

Julien Jarrige

 

The Idea of Álvaro Siza - Mark Durden and João Leal

 
 

The Idea of Álvaro Siza

by Mark Durden and João Leal

As John Szarkowski noted in his introduction to his 1956 book of photographs of Louis Sullivan’s architecture: “When photographers of the nineteenth century first used their cameras to describe formal architecture, they were concerned with buildings the content of which had died, however alive the forms remained.”  According to Szarkowski, the problem with architectural photography is that it has continued with this habit of concentrating on the forms of architecture, so much so that “the building became as isolated from life as the insect enclosed in the amber paperweight.”  In contrast, his photographs were concerned with the buildings’ “life facts” as well as their “art facts”— a work of formal architecture was approached as a “real building, which people had worked in and maimed and ignored and perhaps loved.”

This series of photographs takes its cue from Szarkowski’s approach. The photographs do not attempt to illustrate the buildings and resist the tendency to isolate its subject from its lived context. In our pictorial response to Álvaro Siza Viera’s buildings, we were very much aware that we were photographing after, in the wake of another’s much more encompassing and comprehensive art. Our concern as a result has been very much with the tensions between photography and architecture.

The Faculty of Architecture of the University of Porto involves a virtuoso play of geometric forms and elements, a hyper or embellished modernism. Our photography responded to this by concentrating on the distortions and abstractions of the buildings’ structures through reflections, as well as the drawings and models of student work that could be seen through windows. This allowed us to respond both to the chimerical quality of the buildings and the imaginary and creative realms within. The Carlos Ramos Pavilion, functioning as a further part of the school of architecture, is set within a garden and it is the building’s relationship to this that is integral to our pictures— the geometries and white walls of its structure may jar with its natural setting but also allows integration in providing surfaces on which shadows fall. The pavilion’s exterior is constantly animated by what surrounds it. The large expanses of glass that surround the interior court of the building allowed us to continue the dynamic established with our pictures of the Faculty of Architecture. The Bouça photographs are the most straightforward. Our fascination here is with tensions between the buildings’ modernist forms and the play of light and shadow upon them, between the symmetries of its structures and the "life facts" of everyday clutter connected with the houses’ occupancy and use, as well as the ever-changing graffiti: wild, colourful, scabrous and vulgar.

João Leal
Mark Durden

 

Piscina das Marés - Marta Ferreira

 
 

PISCINA DAS MARÉS

As Piscinas das Marés inauguradas em 1966, marcam de forma discreta a marginal de Leça da Palmeira com um composto de duas piscinas, vestiários, balneários e bar. O projecto é do arquitecto Álvaro de Siza Vieira.

Durante três meses as piscinas são utilizadas para o verdadeiro fim que foram criadas, esse tempo corresponde ao período balnear, meados de junho a meados de setembro. Nos restantes meses do ano as piscinas estão vazias e sob vigilância vinte e quatro horas por dia.

As imagens realizadas são o registo de um espaço que se encontra em transição entre o “natural” e o “artificial”, onde o betão se cruza com a rocha primitiva do local. O seu não estado “normal” de utilização permite em planos mais próximos intensificar essa junção/transição do “artificial” com o “natural”, do desenho do arquitecto, marcado pela utilização do betão, com o “desenho primitivo” das rochas. Em planos mais gerais as piscinas ficam “camufladas”.

O interesse por fotografar durante a “não utilização” do local é evidente na selecção das imagens. A colocação de algumas fotografias das piscinas em utilização marca de forma pontual a narrativa tal como o tempo em que o local é usado.

Marta Ferreira 

 

Contínuo - Sérgio Rolando

 
 

Contínuo

Quinta da Conceição

Contínuo
Quanto tempo é necessário para representar um lugar?

O silêncio, a recordação de coisas essenciais e a atração para um vazio, suspenso no tempo e no espaço.
A envolvente natural, nostálgica e poética, convoca a contemplação e dilui a fronteira do interior com o exterior, sugerindo a repetição e uma relação íntima com o detalhe.

Sérgio Rolando

 

Casa de Chá Boa Nova - Hélder Sousa

 
 

CASA DE CHÁ BOA NOVA

A Casa de Chá Boa Nova resulta de um projecto apresentado num concurso organizado pela Câmara Municipal de Matosinhos. Fernando Távora foi o vencedor e entregou o projecto ao seu colaborador na altura, Álvaro Siza.

A abordagem aqui tomada passa pela atenção pormenorizada ao edifício, pelas suas características mais singulares, mas também
pela sua maior característica, a implantação. Nas tomadas de vistas adoptadas, conseguimos perceber que se torna indissociável a forma do objecto com a sua implantação. Por vezes são mais intimistas, na tentativa de representar este edifício de forma mais isolada do seu contexto, para apresentar as suas formas mais distintas. Quando a abordagem se distancia, podemos ver como a sua implantação está em pura sintonia com a paisagem natural à qual já pertence.

Helder Sousa

 

Momento. Perceção - Representação por Sofia F. Augusto

 
 

FAUP

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

POR SOFIA F. AUGUSTO

Momento. Percepção-Representação

A Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto foi a obra arquitectónica eleita para a exploração conceptual e de teor antropológico deste trabalho, num intuito de retratar os espaços da escola na rotina diária, assim como diversas dinâmicas de apropriação.

Autores relacionados com Fotografia Contemporânea como Paul Graham, Jeff Wall, Thomas Struth ou ainda David Claerbout são referências artísticas basilares para este trabalho e que, pelo facto de não pertencerem ao campo disciplinar da Arquitectura, oferecem novas perspectivas críticas e poéticas sobre este universo. Todos eles têm em comum o facto de tomarem a Arquitectura como objecto artístico e se interessarem pela forma como as pessoas se apropriam dos espaços construídos – tanto a nível privado como público. Para além disso, revelam também um interesse significativo pelos valores culturais e económicos que caracterizam o mundo contemporâneo traduzidos nas formas, materiais e diferentes formas de apropriação da Arquitectura e dos seus espaços.

Como estratégia de trabalho, o registo fotográfico que se apresenta foi realizado tendo em mente a “ideia corbusiana de promenade architecturale”, proporcionando uma leitura contínua dos espaços, com momentos sucessivos, próximo do que poderia ser uma experiência real de percurso. Todavia, é nos momentos de apropriação, (que pressupõem acção e a presença humana), que o registo de imagens se singulariza e nos traz uma nova percepção - o tempo, o espaço e o significado transformam-se. Desta forma, idealizou-se uma estratégia artística que fizesse uso de várias câmaras fotográficas sincronizadas, que registassem o mesmo momento a partir de diferentes pontos-de-vista. É assim introduzida uma nova dimensão no trabalho, passando a ter mais um tema de exploração – o momento –, a partir de percepções diferentes do mesmo espaço e do mesmo instante, explorando assim o lado caleidoscópico da perspectiva.

Contudo, e concluindo, este trabalho pretende explorar a capacidade da fotografia como um instrumento de procura, análise e exploração do espaço, isto é, como um instrumento artístico capaz de criar uma narrativa crítica e poética, permitindo uma nova leitura do real e da forma como o espaço pode ser percepcionado, compreendido e representado.

Sofia F. Augusto