Praça Pedro Nunes - Frederico Martinho

 
 

PRAÇA PEDRO NUNES

BY FREDERICO MARTINHO

O trabalho visual Praça Pedro Nunes corresponde a um primeiro estudo exploratório desenvolvido no âmbito do projecto Visual Spaces of Change (VSC) que tem como objecto de estudo a praça Pedro Nunes. 

A primeira abordagem com a praça surgiu a partir das primeiras visitas ao local, chegado pela estação de metro Carolina Michaelis (imagem 1). Aqui, é imediata a relação visual que a praça estabelece com o eixo da rua de Augusto Luso através da centralidade de fachada do liceu Rodrigues de Freitas. A partir daqui tornou-se óbvio alargar o campo de análise a todo esse eixo dada a preponderância que este assume na cidade. Esse primeiro contacto visual que acontece no largo ajardinado da estação constrói imediatamente a ligação à praça, conferindo à rua que liga estes dois ponto um carácter de promenade (imagem 2). Este ponto que culmina o fim do olhar, descendente nesse sentido, faz com que o perfil banal e aleatório (ou seja, irreferenciado) da rua ganhe importância na medida em que a coloca na cidade através de um jogo de legibilidade (Lynch, Kevin). É nesta noção de legibilidade, tão cara aos arquitectos e urbanistas, que as fotografias (as que revelam) poderão assumir não só o papel de análise dessas leituras mas também, elas próprias, se apresentarem como objectos de pensamento autónomos.

Numa segunda leitura, já no interior da praça, surgem então outras características inerentes a esta praça, nomeadamente a relação entre as fachadas (imagem 3) que compõem o lado norte deste meio círculo e o simutâneo afastamento destas em relação à escola. Pelo desenho do jardim existente no centro, com uma sebe a impedir um atravessamento mais franco (imagem 4); um forte tráfego automóvel da rua que cruza a praça; pela carência de programa relevante para o espaço público (imagem 5); pelo abandono de alguns destes edifícios, esta praça é composta por inúmeros factores que dificultam a sua legibilidade. E então é nesta duplicidade que a praça apresenta - a fachada monumental e vivência do liceu, de um lado; a descaracterizada e pouco activa rua semi-circular, de outro lado - que se pode colocar a hipótese de um lugar que desconstrói a sua legibilidade consoante a sua aproximação. Ou seja, no processo da construção mental da cidade a força desta praça passa pela marcação de um ritmo de aproximação no seu eixo norte-sul, ao mesmo tempo que se destrói quando lhe descobrimos o interior.

A partir daqui podemos admitir que a leitura deste espaço (e, talvez, de outros espaços públicos) também se faz de distâncias - de aproximações e afastamentos. Nesse sentido, procuro, através da fotografia, explorar a percepção de interior e exterior da praça e potenciar uma experiência iminentemente háptica e visual, abrindo-a a uma ideia de cidade que assenta em vínculos físicos e imaginários.

 

Construção de Espaço Público na Cidade do Porto durante o século XX

 
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CONSTRUÇÃO DE ESPAÇO PÚBLICO

NA CIDADE DO PORTO DURANTE O SÉCULO XX

 

Os projectos fotográficos desta galeria têm como suporte a investigação conduzida por João Castro Ferreira no âmbito do seu doutoramento subordinado ao título Construção de Espaço Público na Cidade do Porto durante o século XX(2018 – 2013) um estudo que se debruça sobre compreensão da caracterização morfológica do espaço público, construído na cidade do Porto durante o período de 1890 a 2010, atendendo, em particular ao seu entendimento enquanto estrutura compositiva, procuramos distinguir tipos formais predominantes.

Procura-se através da fotografia documental e artística exploar esta temática do espaço público compreendendo estes espaços como objecto de trabalho documental e artístico, tendo como preocupação trazer novas leituras sobre estes espaços públicos e arquitectura. Há um especial interesse em explorar as leituras destes espaços públicos através de um percusro com diversas aproximações e afastamentos. Procura-se através da fotografia, explorar a percepção de interior e exterior das praças e potenciar uma experiência iminentemente háptica e visual, acreditando numa ideia de cidade que assenta em vínculos físicos e imaginários.